sábado, 2 de junho de 2012


A construção histórica do nordeste (Linha do  tempo)

Século XVI – Cana-de-açúcar  e o Pau-Brasil

CANA-DE-AÇÚCAR

No período colonial, cabia às colônias o fornecimento de produtos primários para as metrópoles, e tudo o que era produzido aqui Portugal vendia para os países europeus. Por esse motivo, o governo português distribuiu terras, até então pertencentes aos indígenas, aos colonos portugueses para que plantassem cana-de-açúcar, cujos produtos seriam comercializados na Europa.
As plantações de cana-de-açúcar estendiam-se por grandes áreas, das quais uma pequena parte era ocupada pelos produtos de subsistência, e a casa grande, o engenho e a senzala completavam a paisagem. Como não houve preocupação do governo português em desenvolver a pequena e a média propriedade, poucas pessoas tornaram-se proprietárias de grandes áreas de terra (latifúndios). Esta pessoas, por sua vez, passaram a comandar a vida econômica e política da região.

PAU-BRASIL

Em 1503, a terceira expedição naval enviada para reconhecimento do litoral do Brasil se dispersou e sob o comando de Américo Vespúcio, seguiu viagem até a Bahia e depois até Cabo Frio.

Os expedicionários fundaram então uma fortaleza-feitoria com 24 cristãos para explorar o pau-brasil, na época abundante na margem continental da Lagoa de Araruama. Este estabelecimento comercial-militar foi destruído pelos tupinambás em 1512.

Desde 1504 os franceses traficavam pau-brasil e outras mercadorias com os tupinambás. Este tráfico ocorreu durante as três primeiras décadas do século XVI no litoral nordeste do Brasil.


Século XVII – Pecuária e domínio holandês

PECUÁRIA

As primeiras cabeças a chegarem no Brasil vieram das Ilhas de Cabo Verde, em 1534, para a capitania de São Vicente. Em 1550, Tomé de Sousa mandou uma caravela a Cabo Verde para trazer um novo carregamento, desta vez para Salvador. Da capital da colônia o gado dispersou-se em direção a Pernambuco e daí para o nordeste, principalmente Maranhão e Piauí.
Como a atividade canavieira se desenvolveu no nordeste, a atividade pecuarista também nesta região se concentrou, em terras do interior, reservando a zona litorânea á cana-de-açúcar. Dessa maneira a atividade criatória cumpriu um duplo papel: complementar a economia do açúcar e iniciar a penetração, conquista e povoamento do interior do Brasil, principalmente do sertão nordestino.
No entanto esse processo não ocorreu de imediato. Num primeiro momento o gado foi criado no próprio engenho, sendo utilizado como força de tração e alimento. O senhor de engenho era o dono dos animais.
Com o correr do tempo, a exigência cada vez maior de terras para o cultivo da cana-de-açúcar expulsou a boiada dos limites da área agrícola. Iniciou-se então uma segunda etapa, na qual existia uma nítida delimitação entre dois tipos de atividade, a agricultura e a pecuária, embora seguissem ainda vizinhos e interdependentes.
A partir do início do século XVII a atividade criatória torna-se mais independente, ocupa terras cada vez mais para o interior, pois o desenvolvimento dos rebanhos exige grandes extensões de terras para as pastagens. Os rebanhos se destinam ao mercado interno, principalmente aos engenhos, porém se tornam atividades separadas, e as feiras de gado tornam-se o elo de ligação entre ambos interesses. A primeira feira realizou-se na Bahia em 1614. É nesse momento que a pecuária pode ser vista como um fator de povoamento do interior.
Desde o século XVII, até meados do século XVIII a pecuária ocupou diversas regiões do interior do nordeste, tendo como centros de irradiação as capitanias da Bahia, onde o gado ocupou terras do "sertão de dentro" e de Pernambuco, ocupando as terras do "sertão de fora", sempre através dos rios, ao longo dos quais desenvolveram-se os currais. Diversos rios serviram como canais de integração entre o litoral, onde se concentrava a maioria da população da colônia e as novas terras ocupadas, abrangendo as regiões do Ceará, Piauí e Maranhão, para aqueles que partiam da Bahia, e as terras da Paraíba, e Rio Grande do Norte

DOMÍNIO HOLÂNDES 

No século 17 a Holanda vivia um surto de liberdade e progresso, livre das âncoras de atraso que perduravam em outras regiões da Europa. A sua sociedade, a sua economia e as artes (que incluíam uma pintura de grande beleza e altíssimo nível artístico) experimentavam os benefícios de um capitalismo moderno, comandado pela ambição de uma poderosa burguesia. Uma expressão emblemática dessa nova economia era o ramo holandês da Companhia das Índias Ocidentais - hoje a chamaríamos de empresa transnacional - que estendia seus tentáculos pelo mundo e controlava grande parcela do comércio entre Oriente e Ocidente. Um Conselho de dezenove membros designou como Governador de Pernambuco o Príncipe João Maurício, Conde de Nassau. Foi uma escolha auspiciosa para o Brasil, porque se tratava de um amante das artes, um talento versátil e competente, com profundo interesse pelo Novo Continente.
Entretanto, os holandeses dependiam quase totalmente dos suprimentos da metrópole e não coordenavam uma estratégia competente e eficaz, de longo prazo, para a ocupação do território, ao contrário do que faziam os portugueses. Sua dificuldade em se estabelecerem e dominarem as zonas rurais também lhes seria fatal para o projeto de ocupação colonial. Estas circunstâncias têm uma explicação principal: o que interessava aos holandeses era o comércio do açúcar, não a sua produção. Esta estava bem organizada e funcionava sob o comando dos lusos, que utilizavam a mão-de-obra escrava e um complexo sistema de tarefas, no qual Nassau não pensava se imiscuir, nem substituir, sendo seu intuito predominantemente comercial.
Além disso, os habitantes que não viviam no perímetro urbano organizavam ataques de surpresa, utilizando táticas que em nosso tempo chamamos guerrilhas, o que impedia a interiorização dos holandeses.

Século VXIII – Fumo e Cacau

Em meados do século XVII e XVIII, o algodão, o tabaco e o cacau passam a ser produzidos em larga escala e a integrar a pauta de exportações da colônia. A produção algodoeira desenvolve-se no Nordeste, em especial Maranhão e Pernambuco. O tabaco é produzido principalmente na Bahia, seguida por Alagoas e Rio de Janeiro e, ao longo do século XVII, o produto é usado como moeda de troca para aquisição de escravos nos mercados da costa africana. O cacau é explorado inicialmente apenas em atividade extrativista, no Pará e no Amazonas. Começa então a ser cultivado na Bahia e no Maranhão com mão-de-obra escrava.

Século XIX – Algodão no sertão e Arroz no Maranhão

ALGODÃO NO SERTÃO

Em meados do século XIX, o cultivo do algodão já representava uma das atividades tradicionais, concentrando-se a produção nacional no Nordeste do Brasil, e em algumas áreas da Região Norte, onde a planta é nativa. Devido à sua condição de semiaridez e resistência às secas, o algodão se tornou a principal opção fito técnica para os nordestinos. A partir do final da década de 1880, e na de 1890, desenvolveu-se, particularmente no Estado de Pernambuco, a produção de óleo de caroço de algodão, em fábricas pequenas e mal equipadas. No Estado de Alagoas, no ano 1888, passou a funcionar uma fábrica de óleo. E, em São Paulo, no Sul do país, foi inaugurada uma grande fábrica, em 1892. 
Alguns fatores contribuíram para que, naquele século, a cotonicultura se expandisse no Nordeste do Brasil: 1. a abertura dos portos às nações amigas, em 1808; 2. o crescimento da população e, via de consequência, o aumento do consumo de tecidos; e, 3. a paralisação da produção norte-americana, em decorrência da Guerra de Secessão, que impediu os Estados Unidos de atender à demanda do mercado europeu.

ARROZ NO MARANHÃO

Final da década de 1960. O Maranhão tornara-se o segundo maior produtor de arroz do país, graças às safras recordes de Imperatriz e das regiões do Mearim e Pindaré. Arroz cultivado no velho sistema sertanejo do “toco” e da queimada, por dezenas de milhares de famílias nordestinas que se estabeleceram no Maranhão, fugitivas das inclementes secas da primeira metade do século XX.

Século XX – Cangaço

CANGAÇO

O Cangaço foi um fenômeno ocorrido no nordeste brasileiro de meados do século XIX ao início do século XX. O cangaço tem suas origens em questões sociais e fundiárias do Nordeste brasileiro, caracterizando-se por ações violentas de grupos ou indivíduos isolados: assaltavam fazendas, sequestravam coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham moradia fixa: viviam perambulando pelo sertão brasileiro, praticando tais crimes, fugindo e se escondendo.



Transposição do Rio São Francisco

Transposição do Rio São Francisco



O projeto de transposição do Rio São Francisco  é um tema bastante polêmico, pois engloba a suposta tentativa de solucionar um problema que há muito afeta as populações do semiárido brasileiro, a seca; e, ao mesmo tempo, trata-se de um projeto delicado do ponto de vista ambiental, pois irá afetar um dos rios mais importantes do Brasil, tanto pela sua extensão e importância na manutenção da biodiversidade, quanto pela sua utilização em transportes e abastecimento.
O projeto é antigo, foi concebido em 1985 pelo extinto DNOS – Departamento Nacional de Obras e Saneamento, sendo, em 1999, transferido para o Ministério da Integração Nacional e acompanhado por vários ministérios desde então, assim como, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.


- Argumentos favoráveis: Os principais argumentos a favor giram em torno da possibilidade de irrigar o sertão e transformá-lo em um polo agrícola, principalmente de fruticultura, gerando empregos e renda para a região. Tal modelo encontra sua inspiração no atual polo fruticultor do vale médio do São Francisco onde fazendas modernas produzem frutas de altíssima qualidade, em sua grande maioria voltadas para exportação em direção ao mercado europeu e japonês. Nesse sentido, a transposição criaria uma rede de distribuição de água capaz de dinamizar a economia da região e minorar as mazelas sociais decorrentes do não acesso à água

- Argumentos contrários: A mais visível é sem dúvida a do bispo Luiz Flávio Cappo, que iniciou uma greve de fome contra a obra. Segundo o bispo o projeto é caro e pouco eficaz, uma vez que gerará diminuição do nível das águas do São Francisco (diminuído a geração de energia) e beneficiará apenas os grandes produtores (dado que as terras irrigadas tendem a sofrer brusca valorização em virtude da especulação imobiliária). Uma outra voz de grande notoriedade é a do geógrafo Aziz Absaber que aponta problemas de cunho ambiental como o desmatamento de florestas e a poluição dos açudes pelas águas do rio.


Referencias: www.google.com | www.wikipedia.com.br