A construção histórica do nordeste
(Linha do tempo)
Século XVI – Cana-de-açúcar e o Pau-Brasil
CANA-DE-AÇÚCAR
As plantações de cana-de-açúcar estendiam-se por grandes áreas, das quais uma pequena parte era ocupada pelos produtos de subsistência, e a casa grande, o engenho e a senzala completavam a paisagem. Como não houve preocupação do governo português em desenvolver a pequena e a média propriedade, poucas pessoas tornaram-se proprietárias de grandes áreas de terra (latifúndios). Esta pessoas, por sua vez, passaram a comandar a vida econômica e política da região.
PAU-BRASIL
Em 1503, a terceira expedição naval enviada para reconhecimento do litoral do Brasil se dispersou e sob o comando de Américo Vespúcio, seguiu viagem até a Bahia e depois até Cabo Frio.
Os expedicionários fundaram então uma fortaleza-feitoria com 24 cristãos para explorar o pau-brasil, na época abundante na margem continental da Lagoa de Araruama. Este estabelecimento comercial-militar foi destruído pelos tupinambás em 1512.
Desde 1504 os franceses traficavam pau-brasil e outras mercadorias com os tupinambás. Este tráfico ocorreu durante as três primeiras décadas do século XVI no litoral nordeste do Brasil.
Século XVII – Pecuária e domínio holandês
PECUÁRIA
As primeiras cabeças a chegarem no Brasil vieram das Ilhas de Cabo Verde, em 1534, para a capitania de São Vicente. Em 1550, Tomé de Sousa mandou uma caravela a Cabo Verde para trazer um novo carregamento, desta vez para Salvador. Da capital da colônia o gado dispersou-se em direção a Pernambuco e daí para o nordeste, principalmente Maranhão e Piauí.
Como a atividade canavieira se desenvolveu no nordeste, a atividade pecuarista também nesta região se concentrou, em terras do interior, reservando a zona litorânea á cana-de-açúcar. Dessa maneira a atividade criatória cumpriu um duplo papel: complementar a economia do açúcar e iniciar a penetração, conquista e povoamento do interior do Brasil, principalmente do sertão nordestino.
No entanto esse processo não ocorreu de imediato. Num primeiro momento o gado foi criado no próprio engenho, sendo utilizado como força de tração e alimento. O senhor de engenho era o dono dos animais.
Com o correr do tempo, a exigência cada vez maior de terras para o cultivo da cana-de-açúcar expulsou a boiada dos limites da área agrícola. Iniciou-se então uma segunda etapa, na qual existia uma nítida delimitação entre dois tipos de atividade, a agricultura e a pecuária, embora seguissem ainda vizinhos e interdependentes.
A partir do início do século XVII a atividade criatória torna-se mais independente, ocupa terras cada vez mais para o interior, pois o desenvolvimento dos rebanhos exige grandes extensões de terras para as pastagens. Os rebanhos se destinam ao mercado interno, principalmente aos engenhos, porém se tornam atividades separadas, e as feiras de gado tornam-se o elo de ligação entre ambos interesses. A primeira feira realizou-se na Bahia em 1614. É nesse momento que a pecuária pode ser vista como um fator de povoamento do interior.
Desde o século XVII, até meados do século XVIII a pecuária ocupou diversas regiões do interior do nordeste, tendo como centros de irradiação as capitanias da Bahia, onde o gado ocupou terras do "sertão de dentro" e de Pernambuco, ocupando as terras do "sertão de fora", sempre através dos rios, ao longo dos quais desenvolveram-se os currais. Diversos rios serviram como canais de integração entre o litoral, onde se concentrava a maioria da população da colônia e as novas terras ocupadas, abrangendo as regiões do Ceará, Piauí e Maranhão, para aqueles que partiam da Bahia, e as terras da Paraíba, e Rio Grande do Norte
DOMÍNIO HOLÂNDES
No século 17
a Holanda vivia um surto de liberdade e progresso, livre das âncoras de atraso
que perduravam em outras regiões da Europa. A sua sociedade, a sua economia e
as artes (que incluíam uma pintura de grande beleza e altíssimo nível
artístico) experimentavam os benefícios de um capitalismo moderno, comandado
pela ambição de uma poderosa burguesia. Uma expressão emblemática dessa nova
economia era o ramo holandês da Companhia das Índias Ocidentais - hoje a
chamaríamos de empresa transnacional - que estendia seus tentáculos pelo mundo
e controlava grande parcela do comércio entre Oriente e Ocidente. Um Conselho
de dezenove membros designou como Governador de Pernambuco o Príncipe João
Maurício, Conde de Nassau. Foi uma escolha auspiciosa para o Brasil, porque se
tratava de um amante das artes, um talento versátil e competente, com profundo
interesse pelo Novo Continente.
Entretanto,
os holandeses dependiam quase totalmente dos suprimentos da metrópole e não
coordenavam uma estratégia competente e eficaz, de longo prazo, para a ocupação
do território, ao contrário do que faziam os portugueses. Sua dificuldade em se
estabelecerem e dominarem as zonas rurais também lhes seria fatal para o
projeto de ocupação colonial. Estas circunstâncias têm uma explicação
principal: o que interessava aos holandeses era o comércio do açúcar, não a sua
produção. Esta estava bem organizada e funcionava sob o comando dos lusos, que
utilizavam a mão-de-obra escrava e um complexo sistema de tarefas, no qual
Nassau não pensava se imiscuir, nem substituir, sendo seu intuito
predominantemente comercial.Além disso, os habitantes que não viviam no perímetro urbano organizavam ataques de surpresa, utilizando táticas que em nosso tempo chamamos guerrilhas, o que impedia a interiorização dos holandeses.
Século VXIII – Fumo e Cacau
Em meados do
século XVII e XVIII, o algodão, o tabaco e o cacau passam a ser produzidos em
larga escala e a integrar a pauta de exportações da colônia. A produção
algodoeira desenvolve-se no Nordeste, em especial Maranhão e Pernambuco. O
tabaco é produzido principalmente na Bahia, seguida por Alagoas e Rio de
Janeiro e, ao longo do século XVII, o produto é usado como moeda de troca para
aquisição de escravos nos mercados da costa africana. O cacau é explorado
inicialmente apenas em atividade extrativista, no Pará e no Amazonas. Começa
então a ser cultivado na Bahia e no Maranhão com mão-de-obra escrava.
Século XIX – Algodão no sertão e
Arroz no Maranhão
ALGODÃO NO SERTÃO
Em meados do século XIX, o cultivo do algodão já representava uma
das atividades tradicionais, concentrando-se a produção nacional no Nordeste do Brasil, e
em algumas áreas da Região Norte, onde a planta é nativa. Devido à sua condição
de semiaridez e resistência às secas, o algodão se tornou a principal opção
fito técnica para os nordestinos. A partir do final da década de 1880, e na de
1890, desenvolveu-se, particularmente no Estado de Pernambuco, a produção de
óleo de caroço de algodão, em fábricas pequenas e mal equipadas. No Estado de
Alagoas, no ano 1888, passou a funcionar uma fábrica de óleo. E, em São Paulo,
no Sul do país, foi inaugurada uma grande fábrica, em 1892.
Alguns fatores contribuíram para que, naquele século, a
cotonicultura se expandisse no Nordeste do Brasil: 1. a abertura dos
portos às nações amigas, em 1808; 2. o crescimento da população e, via de
consequência, o aumento do consumo de tecidos; e, 3. a paralisação da
produção norte-americana, em decorrência da Guerra de Secessão, que impediu os
Estados Unidos de atender à demanda do mercado europeu.
ARROZ NO MARANHÃO
Final da
década de 1960. O Maranhão tornara-se o segundo maior produtor de arroz do
país, graças às safras recordes de Imperatriz e das regiões do Mearim e
Pindaré. Arroz cultivado no velho sistema sertanejo do “toco” e da queimada,
por dezenas de milhares de famílias nordestinas que se estabeleceram no
Maranhão, fugitivas das inclementes secas da primeira metade do século XX.
Século XX – Cangaço
CANGAÇO
O Cangaço foi um fenômeno ocorrido no nordeste
brasileiro de meados do século
XIX ao início do século
XX. O cangaço tem suas origens em questões sociais e
fundiárias do Nordeste brasileiro, caracterizando-se por ações violentas de
grupos ou indivíduos isolados: assaltavam fazendas, sequestravam coronéis
(grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham moradia fixa:
viviam perambulando pelo sertão brasileiro, praticando tais crimes, fugindo e
se escondendo.
Transposição
do Rio São Francisco
Transposição do Rio São Francisco
O projeto de transposição
do Rio São Francisco é um tema bastante polêmico,
pois engloba a suposta tentativa de solucionar
um problema que há muito afeta as populações do semiárido brasileiro, a seca;
e, ao mesmo tempo, trata-se de um projeto delicado do ponto de vista ambiental,
pois irá afetar um dos rios mais importantes do Brasil, tanto pela sua extensão
e importância na manutenção da biodiversidade, quanto pela sua utilização em
transportes e abastecimento.
O projeto é antigo, foi concebido em 1985 pelo extinto DNOS – Departamento
Nacional de Obras e Saneamento, sendo, em 1999, transferido para o Ministério
da Integração Nacional e acompanhado por vários ministérios desde então, assim
como, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
-
Argumentos favoráveis: Os
principais argumentos a favor giram em torno da possibilidade de irrigar o
sertão e transformá-lo em um polo agrícola, principalmente de fruticultura, gerando
empregos e renda para a região. Tal modelo encontra sua inspiração no atual polo
fruticultor do vale médio do São Francisco onde fazendas modernas produzem
frutas de altíssima qualidade, em sua grande maioria voltadas para exportação
em direção ao mercado europeu e japonês. Nesse sentido, a transposição criaria
uma rede de distribuição de água capaz de dinamizar a economia da região e
minorar as mazelas sociais decorrentes do não acesso à água
- Argumentos contrários: A mais visível é sem dúvida a do bispo Luiz
Flávio Cappo, que iniciou uma greve de fome contra a obra. Segundo o bispo o
projeto é caro e pouco eficaz, uma vez que gerará diminuição do nível das águas
do São Francisco (diminuído a geração de energia) e beneficiará apenas os
grandes produtores (dado que as terras irrigadas tendem a sofrer brusca
valorização em virtude da especulação imobiliária). Uma outra voz de grande
notoriedade é a do geógrafo Aziz Absaber que aponta problemas de cunho
ambiental como o desmatamento de florestas e a poluição dos açudes pelas águas
do rio.
Referencias: www.google.com | www.wikipedia.com.br